A viagem
É longe, muito longe. Resolvemos ir pela rota Porto Alegre, São Paulo, Joanesburgo (África do Sul), Sydney e voltar também por este caminho. 8 horas de São Paulo a Joanesburgo (chegando com 5 horas de fuso nas costas) e 12 horas até Sydney (com 8 horas de fuso). Isto na ida, pois na volta são 14 horas até a África e 10 até São Paulo. Na volta o trajeto é maior pois, apesar das rotas estarem em linha quase reta, o avião faz um arco para baixo para aproveitar as correntes. O arco entre Sydney e Joanes é tão curvo que passamos por cima do Polo Sul.
É muito engraçado viajar 24 horas e estar sempre dia. E principalmente pelo fato de se voar acima das nuvens então é sempre com sol. Claro, durante muito tempo os comissários mandam fechar as janelas pois senão ninguém aguenta.
Mas vale o esforço pois na volta, como a chegada em Joanesburgo é à tarde (horário local) e a partida é só pela manhã do outro dia, a companhia paga o hotel. E que hotel gente! Olhem as fotos! Mas atenção: se você não determinar claramente que quer o hotel, você baila e vai ter que se virar sozinho. Teve gente no vôo que ficou a ver navios...Mas graças à Jannice Corona, nossa agente de viagem, amiga, comadre e tudo mais, nós ficamos naquela maravilha. E de graça...
Outra questão importante: nesta rota voamos pela South African e Qantas, com atendimento de primeira e muitas opções de entretenimento para passar o tempo, pois tem praticamente um computador individual com menu de filmes atuais, músicas, programas de tv, jogos, etc. Pelo que eu sei na Aerolineas Argentinas não tem nada disto.
A economia
Todos no país tem condições de consumir, pois mesmo os piores empregos proporcionam uma remuneração digna. Além disto não há preconceito com relação a estes trabalhadores. É comum, por exemplo, os trabalhadores diurnos de um bom restaurante frequentá-lo à noite.
Também os impostos são baixos (uma loja tem apenas 10% de imposto), permitindo assim que a economia gire como um todo. Para os australianos as coisas são relativamente baratas, exceto imóveis que até para eles são caros (+ de 300.000 dólares australianos um apto de 2 quartos nume região que aqui sairia por R$ 120.000). O dólar australiano comprava 1.75 Real e para se ter uma idéia, os preços por lá estão iguais aos do Brasil, só que em dólar.
Um almoço de boa qualidade custa entre A$12,00 e A$25,00. Um cerveja (e é da boa) long neck, A$3,00. Um BigMac A$5,00. Um vinho bom (e é bom mesmo) A$10,00 na loja e A$17,00 no restaurante. Na maioria dos restaurantes, você pode lavar o vinho de casa. Bom ne'? Que diferença! Uma TV de plasma 42" que aqui custa 10.000, lá encontra-se entre 3.000 e 4.000 dólares (a 1,75 lembra?). E por aí vai...
Mas apesar de os imóveis serem caros, existem bons financiamentos e o governo banca 10% do primeiro imóvel que alguém compra.
Estranhamente existe pouca propaganda nas revistas e quase nada nos jornais. Acho que o marketing deles no quesito propaganda deixa a desejar ou então eles não precisam.
Me impressionou que por todo o lugar por onde andamos, lojas, restaurantes, etc, tudo era de boa qualidade. Não existe nada "enjambrado" (boa esta palavra). Mesmo em lojinhas de praia, sempre tem uma TV de plasma passando um vídeo de surfe. A decoração e os móveis são de boa qualidade, mostrando que o dinheiro existe para todos.
Abrir uma empresa é uma barbada: Você entra na Internet, preenche um formulário e já pode sair operando. Dentro de alguns dias você recebe a autorização definitiva. Quase igual ao que é por aqui...
Não vi nenhum prédio em razoável conservação, pelo contrário, estão todos em excelente conservação, inclusive os antigos, que são muitos. Acho que eles se reunem à noite num mutirão, limpam, pintam e tiram tudo de manhã cedinho, pois também não vi ninguém fazendo este trabalho.
E a ruas e estradas? Todas, mas todas mesmo asfaltadas ou de cimento, muito bem sinalizadas e SEM NENHUM BURACO! Sabe os bueiros que temos aqui e que sempre teimam em ficar no meio da rua e a uns 10 centímetros abaixo da mesma e aquelas valas que toda a construção faz para fazer suas conexões até estes bueiros e depois "tapam" com terra e brita ficando aquele morrinho para testar a suspensão do seu carro? Pois e': lá ou eles não têm bueiro ou ficam noutro lugar ou são tão perfeitos que ficam no mesmo nível da rua, porque eu nunca percebi algum desnível. Ah, e não tem pedágio, exceto na Harbour Bridge (aquela ponte famosa) que tem pedágio desde que foi concluida em 1934. Hoje está em A$4,00.
A segurança
Há segurança em todo o lugar apesar de raramente vermos policiais. Nunca vimos um policial nas estradas, mas todos respeitam as sinalizações. Mas basta algo acontecer que eles rapidamente aparecem de todos os lados. E em grande quantidade. Acho que eles ficam escondidos. Nos sentimos todo o tempo estranhamente seguros o que não deixa de uma grata sensação.
A fauna
Canguru, coala, que nada! Não vimos nenhum deles! Na verdade o animal da Austrália é o corvo! Estão por toda a parte, com aqueles gritos característicos (cwreéhh). Aparentemente são limpos e amistosos.
E as pombas? Estas são uma praga, pois estão em toda a parte e em grande quantidade. Mas são bem educadas, pois não vimos seus cocos nas ruas...
Existem muitas aves de diversos tamanhos que convivem normalmente com as pessoas, pois ninguém as espanta. Tem alguns pelicanos magníficos e ficam perto da gente sem nenhum receio (receio deles e' claro!). Vejam algumas fotos no link de Fraser Island (na verdade, as fotos foram em Hervey Bay.
As bebidas
A venda de bebidas alcólicas é proibida para menores de 18 anos (como aqui...), e só são vendidas em casas específicas. Dizem que o australiano e' muito bebum, mas eu não vi nenhum com sintoma nas ruas nem em lugares públicos. Só se eles bebem dentro de casa e acho que deve ser pois tem muita loja de bebida, e não ia ser só para bonito ne'? Outra possibilidade e' que, de tanto eles beberem o álcool já não "pega" mais.
Mas gente... tanto a cerveja (forte como eu gosto), como o vinho (só experimentei merlot e cabernet) são excelentes. Outra coisa, eles respeitam muito a máxima "se beber não dirija", pois a punição e' grande por aquelas bandas. Ah, os destilados eles chamam de "spirits".
![]() |
![]() |
![]() |
Os carros
Eles são apaixonados por carros e principalmente os grandes que são a maioria. É comum carros V6 e V8. Normalmente têm feições esportivas, rebaixados, com faroletes e aerofólios. Acho muito bonitos. Predominam a Chevrolet (que lá não é Chevrolet, mas sim Holden) e a Ford (Ford Falcon e' o máximo apesar de eu não gostar dos Fords daqui). Os japoneses também estão com força por lá. Não existem muitos importados, quase não vi BMW e Audi. Acho que é devido ao lado do motorista que exige adaptação tornando a importação mais cara.
Um Ford Falcon V6 2003 custa em torno de A$40.000 e um Holden Vectra CDXi 3.2 por volta de A$41.000. É muito difícil você encontrar um carro que não seja automático, pois esse negócio de fazer marcha é para quem não tem tempo para academia (pensando bem acho que é uma boa).
Quando estivemos por lá alugamos um Holden Commodore Executive V6 (excelente, tem umas fotos), equivalente a um Ômega simples e um Mitsubishi Magna V6 (achei um carro para velho, muito mole, mas confortável).
![]() |
![]() |
![]() |
Os esportes
Eles são verdadeiramente obsecados por esportes. Os principais são o rúgbi (2 modalidades (Rugby League e Rugby Union). Comecei a me empolgar pois estavam nas finais das 2 ligas e TVs e jornais só falavam e mostravam isto. Depois vem o futebol australiano (mistura de rúgbi e futebol americano - gostei mais deste e também estavam empolgados nas finais), o baseball (sem graça), o cricket (totalmente sem graça), o ciclismo, e o futebol convencional. Não vi muita coisa de basquete, natação e tênis, mas sei que gostam. Ah, e as corridas: além das corridas de carros, tem as de cavalo, de cachorro, de charrete...
![]() |
![]() |
![]() |
Os jornais
Quando estivemos por lá, procurei comprar jornal quase todos os dias para nos inteirarmos dos fatos. Me chamou atenção que eles têm poucas (ou quase nada) propagandas, tipo aquelas que encontramos por aqui de meia página ou página inteira. Aliás também não vi muita propaganda nas revistas.
Quanto ao conteúdo, é quase igual aos nossos, com destaque para esportes. Como estavam nas finais da Rugby League e do futebol australino, estas eram manchetes de capa, com grandes fotos. Na parte policial, nunca encontrei nenhuma notícia sobre roubo! Dá para acreditar? Nenhuminha! Que inveja! Só alguns assassinatos... Na área econômica estavam bastante preocupados com o aumento dos combustíveis em função da diminuição da oferta de petróleo devido aos problemas dos furações no golfo do México.
Conclusão não definitiva...
Todas as experiências foram positivas, nos enriqueceram, mas definitivamente o que mais me encantou foi a educação, a segurança e o respeito. As palavras que eles mais dizem são: please, thank you e sorry. Acho até que cada um deles tem desafio diário: bater seu record anterior do número de vezes que pronunciam estas palavras. E sentimos que são sinceras.
PS.: e o melhor: não existe carroça nem moto boy! É o céu não é mesmo? Aliás tem pouquíssimas motos por lá.